VÍDEO: POLÍCIA DA ITÁLIA INVESTIGA “TURISTAS DE GUERRA”


A polícia italiana abriu uma investigação grave sobre uma suposta participação de “turistas de guerra” durante o cerco de Sarajevo, na Guerra da Bósnia, na década de 1990. De acordo com a denúncia, cidadãos italianos teriam viajado para a Bósnia para se juntar a unidades de franco-atiradores sérvio-bósnios e disparar contra civis desarmados por diversão, num tipo macabro de “safári humano”.


O inquérito foi iniciado pela Promotoria de Milão, que apura as alegações de homicídio voluntário agravado por crueldade. Segundo o apurou a investigação, os supostos “turistas de guerra” seriam pessoas de alto poder aquisitivo, apaixonadas por armas e com ligações a movimentos de extrema direita. Parte deles teria partido de Trieste, no norte da Itália, rumo às colinas que dominavam Sarajevo. Lá, segundo relatos, pagavam quantias que podiam chegar a até 80 mil ou 100 mil euros por dia para alugar posições de tiro de precisão junto às forças sérvias.


A denúncia foi apresentada por Ezio Gavazzeni, escritor italiano que reuniu diversos testemunhos e documentos, incluindo depoimentos de um ex-agente de inteligência bósnio. Esse ex-espião teria informado que, já no fim de 1993, a inteligência da Bósnia alertou os serviços de inteligência italianos sobre a presença de cidadãos provenientes da Itália nas colinas ao redor da cidade, prontos para atirar em civis. De acordo com essa fonte, havia uma estrutura organizada para levar estrangeiros até esses pontos de tiro, com auxílio das milícias sérvias.


Em seu pedido, Gavazzeni menciona também o documentário “Sarajevo Safari”, do diretor esloveno Miran Zupanič, que mostra relatos de pessoas que teriam feito parte dessas excursões violentas. No filme, aparecem depoimentos anônimos que falam de ricos vindos de vários países — inclusive Estados Unidos, Rússia e Itália — dispostos a “brincar de guerra” mirando civis indefesos. As vítimas incluíam homens, mulheres e crianças, e ainda segundo a denúncia, havia uma espécie de “tabela de preços”: crianças custariam mais, mulheres também, enquanto idosos poderiam ter custo menor ou até ser “atirados gratuitamente”.


Gavazzeni afirma ter identificado pelo menos cinco italianos envolvidos, entre eles um empresário dono de uma clínica de cirurgia plástica. Segundo ele, muitos desses “turistas” se organizavam em Trieste e então se deslocavam para a Bósnia para passar os finais de semana participando desses tiroteios. Em alguns relatos, uma pessoa teria mencionado que a agência de inteligência militar italiana (na época, o chamado Sismi, hoje AISI) foi avisada sobre a operação por agentes bósnios, interrompendo parte das viagens após receber as denúncias.


A investigação busca agora determinar quem eram esses italianos, quais os responsáveis pela logística desses “safáris” e se houve conluio por parte de estruturas militares sérvias para organizar essas excursões. A Promotoria pretende também requisitar documentos da antiga agência de inteligência italiana e de tribunais internacionais que atuaram na Bósnia, a fim de reconstruir toda a rede por trás das supostas viagens. Se confirmados, os fatos podem configurar crimes de lesa humanidade, já que envolveriam assassinato premeditado e sistemático de civis durante um conflito.


O caso chocou a opinião pública e reacendeu debates sobre o limite entre turismo e crime em zonas de guerra. Para muitos, trata-se de uma violação moral profunda: transformar o sofrimento de uma população sitiada em entretenimento é uma perversão. A investigação italiana, se bem-sucedida, poderá finalmente levar à responsabilização daqueles que supostamente fizeram da morte de inocentes uma atração turística.


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