VÍDEO: LULA DÁ CHILIQUE PARA HUGO MOTTA ENVOLVENDO GUILHERME DERRITE

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou forte irritação após o presidente da Câmara, Hugo Motta, nomear o deputado Guilherme Derrite como relator do projeto de lei que trata do combate às facções criminosas no país. A escolha do parlamentar paulista, ligado à segurança pública e de perfil mais conservador, gerou desconforto no Palácio do Planalto. Lula considerou a decisão uma provocação política e uma forma de enfraquecer o controle do governo sobre um dos projetos que o Executivo trata como prioridade.

O projeto, conhecido como “Lei Antifacção”, foi elaborado pelo governo federal com o objetivo de reforçar o enfrentamento ao crime organizado e melhorar a integração entre forças de segurança. No entanto, a escolha de Derrite para comandar a relatoria desagradou o presidente, que esperava ver o texto nas mãos de um deputado mais alinhado à sua base de apoio. Fontes próximas ao Planalto afirmam que Lula chegou a cobrar explicações diretamente de Motta e que a conversa foi tensa.

Derrite, ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo e aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou que pretende fazer mudanças importantes na proposta original enviada pelo governo. Ele defende medidas mais rígidas contra o crime organizado e o aumento das penas para líderes de facções, o que pode alterar significativamente o espírito inicial do texto. Essa postura reforçou o desconforto entre os aliados do presidente, que enxergam no relator uma possível tentativa de politizar o projeto.

Hugo Motta, por outro lado, argumenta que a escolha foi feita com base em critérios técnicos e na experiência de Derrite na área de segurança pública. Segundo ele, o objetivo é garantir uma discussão aprofundada sobre o tema, sem motivações políticas. Motta negou que tenha havido qualquer tipo de provocação ao governo e disse que a indicação faz parte do processo normal de tramitação da Câmara. Ainda assim, o gesto foi interpretado nos bastidores como uma demonstração de força do Legislativo diante do Executivo.

O episódio evidencia a tensão crescente entre o governo e o Congresso. Lula tem enfrentado dificuldades para manter coesão entre os partidos que compõem sua base, principalmente em temas de segurança e economia. A escolha de Derrite mostra que o comando da Câmara tem agido de forma mais independente, o que aumenta os desafios do governo para aprovar seus projetos sem alterações indesejadas.

Apesar da irritação de Lula, o projeto segue em andamento no Parlamento. Analistas políticos afirmam que, mesmo com o conflito, o governo deve evitar um embate direto com a Câmara para não comprometer outras pautas importantes. Ainda assim, a situação expõe o desgaste na relação entre os Poderes e a dificuldade do Planalto em controlar a agenda legislativa.

O caso também coloca em evidência o papel de Derrite, que promete apresentar um relatório firme e voltado ao endurecimento das leis contra facções criminosas. O desentendimento entre Lula e Motta, portanto, vai além de uma simples escolha de relator — reflete a disputa por espaço e poder político em um momento em que o governo tenta consolidar sua influência sobre o Congresso e manter o equilíbrio entre diálogo e autoridade.

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