Um episódio envolvendo um advogado e membros de um tribunal federal gerou debate sobre o nível adequado de formalidade durante sessões de julgamento. Tudo aconteceu quando o profissional iniciou sua sustentação oral dirigindo-se aos magistrados de forma descontraída, usando a expressão “vamos lá, pessoal”. A frase, comum em ambientes informais, acabou causando incômodo na bancada e levou o relator do caso a interromper e repreender o advogado ao final de sua fala.
O desembargador responsável deixou claro que, para ele, aquela maneira de se referir ao colegiado não condizia com o ambiente institucional. Segundo o magistrado, embora a informalidade faça parte da comunicação cotidiana, o tribunal exige um comportamento mais solene. Ele destacou que existe um padrão esperado de respeito e distância profissional dentro de uma corte, e que o uso de termos coloquiais pode enfraquecer essa formalidade que sustenta a autoridade do Judiciário.
O juiz também observou que palavras aparentemente simples carregam um impacto simbólico. Na visão dele, tratar magistrados como um grupo de “pessoas” comuns reduz a posição institucional que cada um ali ocupa. Para reforçar seu ponto, o desembargador citou que muitos tribunais preservam tradições antigas, onde a postura, o vocabulário e até o tom de voz são elementos considerados essenciais para manter a liturgia do ambiente.
Diante da advertência, o advogado reagiu de maneira calma e aceitou a correção. Ele não contestou o posicionamento da autoridade, limitando-se a reconhecer a orientação. A postura tranquila evitou que a situação se transformasse em conflito, mas isso não impediu que o caso repercutisse entre profissionais do Direito, que passaram a debater o limite entre urbanidade e rigidez excessiva.
A situação evidencia um dilema recorrente: até que ponto um discurso mais simples e natural pode ser usado dentro de tribunais? Para uma parte da advocacia, sobretudo entre profissionais mais jovens, uma linguagem mais acessível aproxima a Justiça da sociedade e torna os julgamentos menos intimidantes. Para esse grupo, expressões descontraídas não diminuem a qualidade técnica do trabalho, mas tornam as sessões mais humanas.
Por outro lado, há quem defenda que o ambiente jurídico precisa preservar uma certa solenidade para reforçar a responsabilidade dos atos processuais. Para esse segmento, flexibilizar demais pode levar à perda de respeito e abrir espaço para excessos. O episódio, nesse sentido, reacende a discussão sobre como equilibrar modernização e tradição.
O caso também expõe a diferença de percepções entre magistrados. Enquanto alguns juízes aceitam posturas mais leves, outros seguem uma linha mais rígida e esperam formalidade total, inclusive nas saudações iniciais. O advogado, ao adotar uma linguagem que julgava normal, acabou cruzando uma fronteira que, naquele colegiado específico, não deveria ser ultrapassada.
Em resumo, o acontecimento mostra que, além do domínio jurídico, a comunicação no tribunal exige atenção ao contexto e às expectativas dos magistrados. Cada palavra dita em uma sustentação oral pode carregar peso institucional. Para evitar problemas, muitos profissionais reforçam a importância de manter sempre um tom respeitoso e alinhado ao ambiente. O episódio lembra que, no Judiciário, forma e conteúdo caminham juntos.
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